Guilherme Paulus
1. De onde surgiu a ideia de criar a CVC?
A ideia não surgiu de mim, mas sim de Carlos Vicente Cerchiari, na época, deputado estadual. O conheci em uma viagem de navio e ele me contou de sua vontade em abrir uma agência de turismo em Santo André, cidade em que morava. Na época, eu trabalhava em SP e, como eu era muito jovem e não tinha dinheiro para investir, ele propôs uma sociedade em que eu entrava com o trabalho e ele, com o investimento.
Eu trabalhava na Casa Faro, mas minha cabeça já estava voltada para esse projeto, então, acabei aceitando o desafio. Já notava-se que eu tinha um tino para empreendedorismo quando decidimos abrir a loja em uma ruazinha onde ficava a saída de um cinema. Ou seja, um lugar de muita movimentação e fluxo de pessoas. Ficamos sócios por 4 anos e depois segui sozinho.
2. Descreva um típico dia seu. De que forma você o torna produtivo?
Começo o meu dia agradecendo, sou otimista ao extremo. Um hábito que eu tenho diariamente é escrever a minha programação da semana. Isso me faz mais organizado e produtivo.
3. Fale sobre uma tendência que atualmente tem te chamado atenção.
O uso da tecnologia no nosso dia a dia é, sem dúvida uma das tendências que mais chamam a minha atenção. Com a rapidez da informação, conseguimos entender e agir rapidamente em relação às necessidades de nossos clientes, assim como as tendências de mercado que possam surgir.
4. Fale sobre um hábito que te faça mais produtivo enquanto empreendedor.
Viajo muito para onde temos hotéis, mas estar próximo da operação, sem nenhuma dúvida, me faz aprender e conseguir melhorar. A troca com os funcionários e clientes é um dos hábitos mais produtivos que eu tenho como chairman da GJP, nunca me afastei do dia a dia da empresa.
5. Qual conselho você daria para você mesmo quando jovem?
Primeiro conselho é pedir conselho. Ouça os mais velhos, sempre. Ouça mais.
6. Como empreendedor, diga algo que você faça com frequência e recomenda que todo mundo também faça.
Para transformar o sonho em realidade tem que amar muito o que faz. Suar a camisa, estar atento às necessidades dos clientes, às mudanças de comportamento e consumo. Muitos donos de negócio acabam não tendo essa proximidade com a ponta do negócio.
7. Conte-nos sobre uma estratégia que o ajudou a crescer seu negócio. Por favor explique como.
Sempre tive a visão de não focar apenas em um mercado. Mesmo tendo o turismo internacional muito forte, sempre valorizei muito o turismo doméstico. Além disso, viajo bastante. Pelo menos 2-3 dias da semana estou visitando os hotéis da GJP, empresa da qual sou fundador e chairman, conversando com os clientes, entendendo suas necessidades, assim como a de meus funcionários.
Estratégias que tenham ajudado a crescer o negócio foram várias, mas uma que eu acho que vale a pena mencionar, foi quando começamos a fazer vôos charter (fretados) nas décadas de 80 e 90. Voos fretados de 1 semana. Fomentamos o brasileiro a fazer a migração de transporte rodoviário para o aeroviário. Existia um turismo forte internacional, mas não havia nenhuma operadora nacional investindo em turismo interno. CVC foi pioneira.
Na década de 90 ousamos e compramos 100 mil lugares (assentos) na VASP, para serem vendidos em 1 ano. Essa ação foi matéria no Le monde, jornal francês. O sucesso foi tanto, que vendemos em 8 meses.
8. Conte-nos sobre um fracasso que você teve como empreendedor e como você o superou.
No início dos anos 2000, nosso presidente na época- Fernando Henrique Cardoso- fez um acordo com a França e o governo francês facilitando a concessão de vistos. Decidimos abrir uma CVC em Paris. O Francês é um público que gosta de viagens exóticas, ligadas a natureza. Oferecíamos viagens para o Brasil, mas era bem caro. Expandimos também para um circuito de 21 dias que incluía Peru, Argentina, Foz do Iguaçu e Ushuaia. Mas um dos grandes problemas é que as pessoas não sabiam que era uma agência de viagens, pois o letreiro dizia apenas CVC. Além disso, contratamos brasileiras para atender os franceses, o que foi outro erro.
9. Qual foi o melhor $100 que você gastou recentemente? Por que?
Investimento é sempre a melhor forma de “gastar”dinheiro. Gosto do lema “guardar um tostão para ter um milhão”.
10. Qual livro você recomendaria a nossos leitores e por quê.
O Maior Vendedor do Mundo, de Og Mandino.
Aconselho para todos que gostam de vendas. Aprendi muito do que eu sei, a programar minha semana etc. É um livro inspirador.
11. Qual software ou serviço online te ajuda a ser produtivo? Como você o utiliza?
Google. Tem as melhores pesquisas do mundo.
A CVC foi uma das primeiras empresas a ter os terminais Google. Nós da CVC e a Panamérica. Sempre estive muito atento para trazer inovações tecnológicas para a companhia.
12. Quais as suas aspas favoritas?
“Prêmios são minhas recompensas, obstáculos são meus desafios.”
13. Conte um pouco como era o cenário do turismo quando você começou a empreender na área.
Era bem embrionário. Nós desbravamos esse mercado.
14. Qual a maior mudança que você destacaria na área ao longo da última década.
Presença online.
Estamos presentes em quase todos os shopping centers do Brasil. Mesmo com as lojas físicas, usamos o online como suporte o tempo todo, seja para fazer pesquisa, ou para fechar as vendas. Vemos o online como um suporte para o offline.
15. Como você avalia o atual cenário do turismo doméstico no Brasil?
Caminha bem porquê o Brasileiro não conhece o Brasil muito bem.
Ano passado a CVC que é a maior operadora de viagens do país, transportou 6 milhões de turistas, ou seja, ainda há muito o que crescer. Temos um projeto audacioso de levar lojas da CVC a cidades menores, de até 50 mil habitantes. Até 2020 queremos chegar ao número de 2000 lojas.
16. Conte-nos algo que você ainda sonha conquistar como empreendedor.
Transformar o golfe em um esporte mais popular no Brasil e fazer o brasileiro viajar mais para hotéis-boutique, onde ele busque experiências incríveis, dentro do Brasil.
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